Expelidas das profundezas da Terra, a dois mil quilômetros de distância do Rio Grande do Sul, as cinzas do vulcão Puyehue desabaram sobre o Estado ontem, enevoando o dia de milhões de gaúchos, prejudicando o tráfego aéreo e colocando em alerta o sistema de saúde.
Um fenômeno vindo do céu surpreendeu os gramadenses. E não foi a neve, conhecida do inverno de Gramado. O que cobria telhados, plantas e principalmente os carros era cinza vulcânica. Quem deixou o carro ao ar livre na noite de segunda para terça-feira ficou espantado com a fuligem que deixou os veículos cinza após a chuva fraca que atingiu a cidade. Leonel Scariot, 49 anos, gerente de uma revenda de carros em Gramado, viu os mais de dez veículos do pátio cobertos de cinza.
- Todos os carros ficaram cobertos, inclusive os que estavam na garagem, porque o vento carregou. Agora, o jeito é lavar tudo – diz, mostrando, admirado, a quantidade de cinza que pegava com a mão. Ele, que estava acompanhando pelas notícias a passagem da nuvem de cinzas pelo Estado, já descobriu logo o motivo da “sujeira”.
Mas teve quem nem acreditasse que era cinza proveniente de um vulcão chileno. No Centro de Gramado, a opinião mudava ao ver que muitos carros passavam com a mesma cor cinzenta. Algo singular estava acontecendo. Nas lavagens de veículos, havia filas. Somente pela manhã, 20 carros já haviam passado pelo estabelecimento de Luiz Paz, 32 anos.
- Muitos chegam contando histórias de como reagiram quando foram para o carro pela manhã. Teve até pedreiro levando bronca, pois parecia material de construção – conta Paz, bem-humorado.
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